Prática da Lembrança: Perspectivas Teóricas e a Hipótese do Aprendizado Baseado na Simulação Construtiva.
Palavras-chave:
Prática de Lembrar, Simulação episódica construtiva, Memória, Cognição, AprendizagemResumo
Uma quantidade grande de estudos publicados nos últimos anos demonstra que o ato de lembrar conteúdos previamente estudados é uma estratégia eficaz para promover a retenção destes conteúdos na memória de longo prazo. Esta estratégia é conhecida como “prática de lembrar” ou “prática da lembrança”, e tem sido vista como uma técnica eficaz para beneficiar o aprendizado em diferentes ambientes de ensino. Entretanto, ainda não há consenso sobre quais mecanismos cognitivos produzem este benefício. O presente trabalho é uma revisão de escopo que abrange as principais teorias sobre os mecanismos cognitivos subjacentes à prática da lembrança. A partir de uma revisão crítica destas teorias, será proposta uma nova hipótese teórica, a qual se baseia em achados da neurociência cognitiva, e pretende resolver inconsistências encontradas nas teorias anteriores. Esta nova hipótese assume que o benefício da prática de lembrar resulta do engajamento de processos construtivos de simulação episódica, os quais são sustentados por estruturas neurais da rede default. Estes processos de simulação episódica podem ser engajados tanto por tarefas de memória, como a prática da lembrança, como por tarefas que envolvam elaboração semântica ou processos imaginativos. Consequentemente, a presente hipótese prediz que os benefícios da prática da lembrança devem ser reproduzidos por outras tarefas cognitivas, desde que elas engajem processos construtivos de simulação episódica.