Memória e Fake News: Contribuições da Psicologia Cognitiva para a Compreensão do Fenômeno da Desinformação
.
Palavras-chave:
Memória, Cognição, Desinformação, Notícias Falsas, Fake newsResumo
Embora informações falsas sejam utilizadas sistematicamente com fins políticos e econômicos há vários séculos, recentemente elas alcançaram níveis de influência e de “contágio” sem precedentes. Isto ocorre devido à uma série de fatores, sobretudo tecnológicos e econômicos. Uma infinidade de termos, como notícia falsa, desinformação, contrainformação, má-informação, dentre outros, têm sido utilizados para descrever o fenômeno que é complexo e demanda pesquisas em múltiplas áreas. No entanto, há escassez de literatura em psicologia cognitiva relacionada ao tema, especialmente sobre memória. Visando reduzir essa lacuna, objetivamos no presente artigo estabelecer as pontes entre estes fenômenos e as teorias da memória. Além desse esforço de cunho mais teórico, realizamos uma breve revisão de publicações em português e inglês que apresentam dados experimentais sobre o fenômeno. A maioria dos estudos com psicologia cognitiva encontrados abordam o fenômeno pelas vias de processos de raciocínio e tomada de decisão, porém falham ao desconsiderarem processos de memória. Uma informação falsa raramente é completamente nova e nossos processos decisórios e de raciocínio se apoiam em nossas memórias semânticas para decidir o que é real e o que é falso. Portanto, tomar em consideração os processos de memória é essencial não apenas para o melhor entendimento do fenômeno, como também para o seu efetivo enfrentamento.